Presidenta eleita antecipa fim da folga e participa de reunião no Palácio Alvorada ontem à noite. Começa a transição
Brasília - Das águas quentes e relaxantes da Bahia para a tensão das negociações de transição de governo e a frieza dos números da chamada “guerra cambial”. Depois de quatro dias de férias, Dilma Rousseff começou ontem, num encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente eleito Michel Temer, uma intensa agenda de reuniões para a transição governamental e a preparação para sua viagem à cúpula do G-20, em Seul.
Dilma antecipou em um dia a volta de Itacaré (BA) para evitar o assédio de jornalistas e passou o dia em Brasília. Depois de visitar a Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República e para onde ela pode se mudar, a presidente eleita esteve no Palácio Alvorada, onde aconteceu o encontro com Lula e Temer. Eles trataram das diretrizes da transição.
Hoje, a presidenta participa de uma sequência de reuniões: é o início oficial dos trabalhos da equipe de transição.
Também esta semana, o Congresso volta ao trabalho. A Câmara já estava parada há quatro meses. Em seu retorno, os deputados vão encontrar a pauta trancada por 12 medidas provisórias e pelo projeto de lei que cria o Fundo Social, trata do sistema de exploração do petróleo do pré-sal e da distribuição dos royalties do petróleo. As medidas provisórias têm prioridade de votação em relação ao pré-sal, mas o presidente Lula já deixou claro que deseja que ele seja votado ainda este ano.
No Senado, a retomada continua na dependência de um número mínimo de parlamentares em Brasília.
Para o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT), a prioridade do Congresso até o fim do ano é votar o projeto de lei do Orçamento Geral da União para 2012. Um parecer sobre o assunto pode ser votado na terça-feira, ainda prevendo o salário mínimo de 540. Dependendo de negociações do governo com sindicais, que querem um mínimo de R$ 580 em 2011, o valor pode ser aumentado.
Em meio à volta dos trabalhos de senadores e deputados, Dilma terá o importante compromisso de viajar com Lula para Seul, sua primeira viagem internacional depois de eleita, para o encontro das 20 maiores economias do mundo.
“Esta viagem é muito importante, diante da perspectiva da indústria brasileira e do balanço de pagamento, em relação ao que vai ser tratado lá. Portanto, acredito que nenhuma definição maior acontecerá esta semana, em termos de nomeações”, opina o cientista político da PUC-Rio, Ricardo Ismael.
Os coordenadores da transição
MICHEL TEMER
O futuro vice-presidente foi definido por Dutra como o principal coordenador do processo de transição
JOSÉ EDUARDO DUTRA
Terá, durante a transição da gestão Lula para a de Dilma, a tarefa de negociar com os partidos da base aliada
ANTONIO PALOCCI
Ficará responsável, ao longo das negociações, pela chamada área técnica da formação da nova equipe de governo
JOSÉ EDUARDO CARDOZO
Vai circular pelas áreas de responsabilidade de Palocci e de Dutra durante a transição
Antes do G-20, Lula visita Moçambique
Antes de chegar à cúpula do G-20, onde se encontrará com Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente brasileiro que mais vezes visitou a África como chefe de Estado, embarca hoje para Moçambique. Será a última visita a um país africano durante seu mandato.
Lula visitará entre terça-feira e quarta-feira Maputo, a capital de Moçambique, onde se reunirá com as principais autoridades do país e com empresários das duas nações. Também visitará uma uma futura fábrica de medicamentos antirretrovirais contra a Aids, que está sendo construída com a ajuda brasileira.
Ele será acompanhado pelo chefe da diplomacia brasileira, Celso Amorim, assim como pelos ministros da Saúde, José Gomes Temporão, e da Educação, Fernando Haddad.
Lula chega a Seul um dia depois de Dilma, que embarca na noite desta segunda-feira para a Coreia do Sul.
Para entender a 'Guerra Cambial'
- As negociações do G-20, começam na sexta-feira e devem ser dominadas pelas discussões em torno da chamada “guerra cambial”. Semana passada, o governo dos EUA, através de seu banco central, injetou US$ 600 bilhões nos mercados internacionais, para forçar a queda do dólar e tornar a exportação de produtos americanos mais fácil.
- A tática, que também é utilizada pela China há algum tempo, provocou reações de vários países do mundo e do Brasil — as chamadas nações emergentes estão entre as mais prejudicadas, já que suas taxas de juros são maiores que mercados tradicionalmente mais seguros, como os europeus.
- Segundo o professor de Finanças do IBMEC-Rio, Gilberto Braga, uma solução para o país ficar menos vulnerável à guerra cambial é a baixa de juros. “Isso não é aplicável agora porque a despesa do governo está alta”, opina.
- Como outras tentativas de se defender da crise, o governo brasileiro tem tomado medidas como retomada da cobrança do Imposto de Renda sobre os ganhos dos investidores estrangeiros que aplicam em títulos públicos e uma taxação maior do IOF nos investimentos externos em ações.
- “Outra solução pode vir do próprio G-20. Em reunião preparatória no ano passado, equipes econômicas dos governos falaram em estabelecer regras para que o câmbio não seja tão alterado”, explica GIlberto Braga.
Dilma antecipou em um dia a volta de Itacaré (BA) para evitar o assédio de jornalistas e passou o dia em Brasília. Depois de visitar a Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República e para onde ela pode se mudar, a presidente eleita esteve no Palácio Alvorada, onde aconteceu o encontro com Lula e Temer. Eles trataram das diretrizes da transição.
Hoje, a presidenta participa de uma sequência de reuniões: é o início oficial dos trabalhos da equipe de transição.
Temer, Dilma e Lula (na foto, na festa da vitória do PT) se reuniram em Brasília | Foto: Divulgação
Na semana passada, foi definida a equipe de coordenadores políticos da transição, composta pelos deputados federais José Eduardo Cardozo e Antonio Palocci (ambos do PT-SP); pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra; e por Temer (PMDB).Também esta semana, o Congresso volta ao trabalho. A Câmara já estava parada há quatro meses. Em seu retorno, os deputados vão encontrar a pauta trancada por 12 medidas provisórias e pelo projeto de lei que cria o Fundo Social, trata do sistema de exploração do petróleo do pré-sal e da distribuição dos royalties do petróleo. As medidas provisórias têm prioridade de votação em relação ao pré-sal, mas o presidente Lula já deixou claro que deseja que ele seja votado ainda este ano.
No Senado, a retomada continua na dependência de um número mínimo de parlamentares em Brasília.
Para o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT), a prioridade do Congresso até o fim do ano é votar o projeto de lei do Orçamento Geral da União para 2012. Um parecer sobre o assunto pode ser votado na terça-feira, ainda prevendo o salário mínimo de 540. Dependendo de negociações do governo com sindicais, que querem um mínimo de R$ 580 em 2011, o valor pode ser aumentado.
Em meio à volta dos trabalhos de senadores e deputados, Dilma terá o importante compromisso de viajar com Lula para Seul, sua primeira viagem internacional depois de eleita, para o encontro das 20 maiores economias do mundo.
“Esta viagem é muito importante, diante da perspectiva da indústria brasileira e do balanço de pagamento, em relação ao que vai ser tratado lá. Portanto, acredito que nenhuma definição maior acontecerá esta semana, em termos de nomeações”, opina o cientista político da PUC-Rio, Ricardo Ismael.
Os coordenadores da transição
MICHEL TEMER
O futuro vice-presidente foi definido por Dutra como o principal coordenador do processo de transição
JOSÉ EDUARDO DUTRA
Terá, durante a transição da gestão Lula para a de Dilma, a tarefa de negociar com os partidos da base aliada
ANTONIO PALOCCI
Ficará responsável, ao longo das negociações, pela chamada área técnica da formação da nova equipe de governo
JOSÉ EDUARDO CARDOZO
Vai circular pelas áreas de responsabilidade de Palocci e de Dutra durante a transição
Antes do G-20, Lula visita Moçambique
Antes de chegar à cúpula do G-20, onde se encontrará com Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente brasileiro que mais vezes visitou a África como chefe de Estado, embarca hoje para Moçambique. Será a última visita a um país africano durante seu mandato.
Lula visitará entre terça-feira e quarta-feira Maputo, a capital de Moçambique, onde se reunirá com as principais autoridades do país e com empresários das duas nações. Também visitará uma uma futura fábrica de medicamentos antirretrovirais contra a Aids, que está sendo construída com a ajuda brasileira.
Ele será acompanhado pelo chefe da diplomacia brasileira, Celso Amorim, assim como pelos ministros da Saúde, José Gomes Temporão, e da Educação, Fernando Haddad.
Lula chega a Seul um dia depois de Dilma, que embarca na noite desta segunda-feira para a Coreia do Sul.
Para entender a 'Guerra Cambial'
- As negociações do G-20, começam na sexta-feira e devem ser dominadas pelas discussões em torno da chamada “guerra cambial”. Semana passada, o governo dos EUA, através de seu banco central, injetou US$ 600 bilhões nos mercados internacionais, para forçar a queda do dólar e tornar a exportação de produtos americanos mais fácil.
- A tática, que também é utilizada pela China há algum tempo, provocou reações de vários países do mundo e do Brasil — as chamadas nações emergentes estão entre as mais prejudicadas, já que suas taxas de juros são maiores que mercados tradicionalmente mais seguros, como os europeus.
- Segundo o professor de Finanças do IBMEC-Rio, Gilberto Braga, uma solução para o país ficar menos vulnerável à guerra cambial é a baixa de juros. “Isso não é aplicável agora porque a despesa do governo está alta”, opina.
- Como outras tentativas de se defender da crise, o governo brasileiro tem tomado medidas como retomada da cobrança do Imposto de Renda sobre os ganhos dos investidores estrangeiros que aplicam em títulos públicos e uma taxação maior do IOF nos investimentos externos em ações.
- “Outra solução pode vir do próprio G-20. Em reunião preparatória no ano passado, equipes econômicas dos governos falaram em estabelecer regras para que o câmbio não seja tão alterado”, explica GIlberto Braga.
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