Seu governo recebe um Brasil como uma das potências emergentes mais promissoras da próxima década, onde a figura de Lula parece estar diretamente ligada a este período de bonança econômica e desenvolvimento social.
Dilma ganhou a fama de funcionária eficiente e por sua personalidade forte, de "Dama de Ferro", nos ministérios de Minas e Energia e na Casa Civil que ocupou no governo Lula, mas era praticamente uma desconhecida para a maioria da população há um ano, quando o líder a impôs como candidata presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT).
Dilma Vana Rousseff nasceu no dia 14 de dezembro de 1947 em Belo Horizonte, filha do advogado búlgaro Pedro Rousseff, naturalizado brasileiro, e da dona de casa Dilma Jane Silva.
Adquiriu o gosto pela leitura influenciada por seu pai, filiado ao Partido Comunista Búlgaro e um habitual dos círculos de leitura, que no final dos anos 1930 teve que se exilar, deixando em seu país uma esposa e um filho, com quem a presidente eleita manteve contato por carta até sua morte, em 2007.
Suas inquietações políticas despertaram pouco depois do golpe de estado de 1964 que instaurou a ditadura militar, quando Dilma começou a estudar no Instituto Estadual de Belo Horizonte, onde existia um forte movimento estudantil.
Foi lá que ela começou seu ativismo político e fez parte de vários grupos armados que operavam na clandestinidade contra a ditadura.
Conhecida pelas autoridades militares como a "Joana d''Arc" da guerrilha, Dilma foi detida em 1970, torturada e presa até o fim de 1972, condenada por subversão.
Após o período, o mais obscuro de sua biografia, Dilma estudou economia e ocupou vários cargos administrativos no Rio Grande do Sul, onde desenvolveu sua atividade profissional até que Lula a chamasse no final de 2002 para ser ministra de Minas e Energia em seu primeiro mandato.
Ao contrário de Lula, Dilma mantém uma atitude muito mais discreta e comedida, fala pouco sobre sua vida particular e evita brincadeiras, uma prática recorrente nos discursos do atual líder.
A futura presidente faz questão de manter sua privacidade, inclusive quando nasceu seu primeiro neto, Rafael, filho de sua única filha, Paula, em setembro deste ano e em plena campanha eleitoral.
Dilma também não abandonou suas responsabilidades como ministra da Casa Civil quando, em abril de 2009, anunciou ter câncer linfático e que se submeteria a um tratamento de quimioterapia. Após passar meses usando peruca, em setembro do mesmo ano anunciou que tinha superado a doença.
Quem a conhece ou já trabalhou com Dilma a descreve como uma pessoa de personalidade forte e autoritária, além de eficiente, pragmática e com capacidade de liderança.
Suas preferências gastronômicas (arroz, feijões, carne) são tão simples quanto seus hobbies (assistir a filmes, visitar museus e passar tempo com a família), o que não ocorre com muita frequência.
A imprensa de Brasília conta que, como braço direito de Lula na Casa Civil, suas broncas já foram motivo para choros de funcionários e até provocaram a demissão de um ministro, fato que ela nega.
"O que é difícil não é meu temperamento, mas minha função.
Devo resolver problemas e conflitos. Sem descanso. Não me criticam por ser dura, mas por ser mulher", declarou uma vez.
Dilma sabe que a sombra de Lula, que tem popularidade de 87%, estará presente durante todo seu mandato e que as comparações serão constantes, tanto na imprensa como por parte da sociedade civil e da classe política.
Lula a escolheu como sua sucessora, mas há uma grande diferença entre eles com relação à sociedade, pois enquanto o presidente conquistou a massa,
Dilma terá que se esforçar para governar com eficiência e sem transmitir a imagem de "Dama de Ferro".
Dilma Rousseff, uma economista de 63 anos com um perfil mais técnico que político, assumirá no dia 1º de janeiro o lugar de seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, para se tornar a primeira presidente do Brasil.